terça-feira, 4 de março de 2014

Terminais eletrônicos na mira

Clique na foto para ampliá-la
Terminal de auto-atendimento do Santander foi arrombamento dentro do Centro Social de Guarus

O arrombamento de caixas eletrônicos tem se tornado uma prática criminosa constante em Campos e região. Somente este ano, já foram registrados quatro arrombamentos e no ano passado foram pelo menos nove registros. No entanto, de acordo com dados da secretaria de Segurança Pública do Estado, não há registros de arrombamentos a caixas eletrônicos na região. Segundo a Polícia Militar esse tipo de crime aumentou em função da facilidade e lucratividade para os assaltantes, e informou que um trabalho de investigação está sendo feito em parceria com a Polícia Civil para identificar os assaltantes.

Durante todo o ano de 2013 foram registrados pelo menos nove assaltos ou arrombamentos a caixas eletrônicos na área central e praia do Farol de São Tomé, em Campos; e ainda na praia de Grussaí, em São João da Barra, no período de abril a dezembro. Desses nove, cinco foram a caixas do banco privado Santander. Em 2014, já são quatro arrombamentos: dois caixas do Santander e dois do Banco do Brasil, sendo um no Heliporto do Farol. Porém, de acordo com dados estatísticos do Instituto de Segurança Pública (ISP) do Estado do Rio, em 2013 não há registro de roubo a caixas eletrônicos nos municípios de Campos, São Francisco de Itabapoana, São João da Barra e São Fidélis. A assessoria de imprensa do órgão confirmou os dados, ou seja, a falta de registros.

A superintendência do Banco do Brasil e a gerência do Santander foram contatadas, mas não se quiseram se pronunciar sobre o assunto. Das quatro empresas de segurança privada que prestam serviços para as agências de Campos e que, também, foram contatadas, nenhum representante ou diretor atendeu as ligações. 

Na opinião da aposentada Marlúcia Mothé, de 67 anos, os caixas deveriam ter mais segurança, principalmente, por causa dos idosos, que são alvos fáceis para os assaltantes. "Eu sempre procuro utilizar os caixas das agências porque têm um pouco mais de segurança", disse. Já a contadora Jane Mere Ancelmet, 48, sugere que câmeras de longo alcance sejam instaladas junto aos caixas eletrônicos para coibir os arrombamentos. "A maioria dos caixas está abandonada e não tem segurança nenhuma. Por isso, evito e sempre venho à agência", conta.

Clique na foto para ampliá-la
Diniz. vários fatores contribuem para a falta de segurança

Sindicato dos bancários aponta negligência

Na opinião do presidente do Sindicato dos Bancários de Campos, Hugo Diniz o número crescente de arrombamentos se deve principalmente à negligência das instituições bancárias em relação à segurança dos caixas eletrônicos. Hugo ressalta que tanto a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban), quanto os bancos, principalmente, os privados têm adotado uma postura de cortar custos. "São vários fatores que contribuem para a falta de segurança nas agências e nos caixas eletrônicos. Hoje, algumas agências em Campos não têm porta giratória. Houve uma redução drástica no número de vigilantes e o sistema de câmeras de segurança não é o ideal, tanto que nos caixas eletrônicos localizados fora das agências não tem sistema de câmera e nem vigilantes. Tudo isso contribui para que os assaltos e arrombamentos aumentem, já que não há tantas dificuldades. E isso é fruto da negligência das instituições financeiras", observa Hugo.

Clique na foto para ampliá-la
Sabino: ação tem características de facilidade e lucratividade

Investigação da PM em parceria com PC

De acordo com o comandante do 8º Batalhão de Polícia Militar (BPM), tenente coronel Antônio Carlos Sabino, os assaltos e arrombamentos a caixas eletrônicos têm a característica da facilidade e lucratividade. "Os assaltantes procuram os alvos mais fáceis e lucrativos. Um assaltante com certeza vai preferir assaltar um caixa eletrônico que, geralmente, é mais vulnerável e tem dinheiro em maior quantidade, do que assaltar um comércio e levar R$ 200,00", disse, ressaltando que qualquer pessoa pode se especializar na utilização de maçaricos, comumente utilizados nesse tipo de assalto. 

Sabino diz que para tentar inibir a ação dos assaltantes, câmeras de segurança deveriam ser instaladas próximas aos caixas, já que permitem a identificação dos envolvidos. Sabino lembra que a segurança dos caixas é de total responsabilidade das agências bancárias, mas informa que a PM faz constantes rondas próximo aos caixas eletrônicos. Além disso, ele informou que um trabalho de levantamento e investigação está sendo feito em parceria com a Polícia Civil a fim de identificar e prender pessoas envolvidas na prática desse crime.

Clique na foto para ampliá-la
Estatística. No ano passado, todo o terminal de uma rede, em Andrelândia, foi atacado

Febraban: "cada vez mais audaciosos"

Em seu posicionamento a Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) ressalta que "os criminosos estão cada vez mais audaciosos...Nesses assaltos e arrombamentos que usam força desproporcional, com armamentos pesados, de elevado poder de destruição, a ação de segurança permitida pela legislação aos estabelecimentos comerciais e bancos é insuficiente frente à violência empregada". A instituição alerta para o fato de que "é necessário combater as causas desses crimes impedindo que os bandidos tenham acesso fácil a explosivos, como vem acontecendo a três anos, desbaratando as quadrilhas, o que se faz com ações de inteligência e dificultando o acesso dos bandidos ao produto do crime". Diante desse posicionamento, a Febraban informou que vem atuando, tanto na elaboração de ações propositivas que visem à segurança dos bancos, dos funcionários e usuários, como também nas parcerias com órgãos públicos no combate à criminalidade.

De acordo com dados da instituição os investimentos em segurança avançaram de forma significativa nos últimos anos, tanto que de 2002 até 2011 o aumento foi de 62,4%. Segundo a Febraban, o número de assaltos a banco caiu consideravelmente. "De acordo com dados de 17 instituições financeiras, em 2012 foram registrados 440 assaltos, incluindo as tentativas, o que corresponde a uma queda de 56% em relação ao total de 1.009 assaltos e tentativas de assaltos verificados em 2002". A implantação de cofres com dispositivo de tempo, redução do número de agências e o estímulo a transações eletrônicas contribuíram com a diminuição. A Febraban lembrou também que a parceria estreita entre o governo, a polícias Civil, Militar e Federal, e com o Poder Judiciário são de extrema importância para a redução da criminalidade.

Plano de segurança com a Polícia Federal

Cabe ressaltar que os bancos seguem a Lei Federal nº 7.102/83 e sua regulamentação. Nos termos dessa legislação, todos os estabelecimentos bancários (agências e postos de atendimento) são obrigados a submeter à Polícia Federal um plano de segurança para que possam funcionar. Esse plano de segurança é elaborado por equipes técnicas e profissionais que analisam todas as características de cada ponto de atendimento - tais como localização, fluxo de pessoas, layout da agência, etc.

Aprovado o plano, são instalados todos os equipamentos de segurança e mobiliário da agência, como os caixas, os caixas eletrônicos, o posicionamento das câmeras de segurança, dos vigilantes, as portas de segurança, a depender do caso, etc. Observando-se o que é exigido pela legislação, cada instituição financeira determina os padrões de segurança para suas agências de acordo com as características de sua rede de agências.

Nenhum comentário:

Postar um comentário