terça-feira, 7 de maio de 2013

Pesquisa aponta quais são as profissões mais estressantes


Segundo a pesquisa coordenada pela psicóloga Ana Maria Rossi, especialista em estresse, as profissões mais estressantes são as de segurança pública ou privada.

Você acha seu trabalho estressante? Que tal trabalhar no trânsito de São Paulo?
“Dá pra trabalhar sossegado. Se a gente se estressar é pior. melhor manter a calma do que trabalhar nervoso”, diz Eduardo Bispo dos Santos, motorista.
Parece simples, mas o que é tranquilo pra uns, pode ser o caos para outros.
“O trânsito é a alma do estresse todo”, afirma Eduardo Magalhães Rocha, motorista.
Imagina depois de tudo isso, ainda receber uma ligação de um operador de telemarketing. Pode acabar sobrando pra quem está do outro lado da linha.
Uma jornada de até 12 horas, 6 dias por semana, repetindo exatamente a mesma função. Intervalos de descanso de apenas 20 minutos. Um salário pequeno e uma pressão grande. É mais ou menos assim a função dos operadores de telemarketing. Você aceitaria um emprego desse?
Está sobrando vaga em São Paulo. Só no dia em que a equipe esteve no Centro de Apoio ao Trabalho, em São Paulo, eram mais de 1,2 mil para operador de telemarketing.
Globo Repórter: Por que tem tanta oferta de trabalho nessa área de telemarketing?
Roseli Saccardo, gerente do Centro de apoio ao trabalho – CAT/Luz: “Nós acreditamos que seja pelo fato da ocupação ser bastante estressante. tem pessoas que começam a trabalhar como operador de telemarketing e não aguentam a pressão do trabalho”.
“Você já experimentou?”, pergunta a repórter.
Maria Eugênia Ramos, estudante: “Não. E não quero. De jeito nenhum”.
“Não é sempre que as pessoas querem o produto que você está vendendo. Se você não vender, você vai ser mandado embora. Então, é muita pressão, pro salário que é muito baixo. Então, eles cobram muito pra pouca coisa. Eu tenho duas filhas, não tinha paciência de conversar com ninguém na minha casa. Tudo me tirava do sério e, assim, você tem que tratar o cliente não tem culpa”, diz Vanessa Cristina Gomes, irmã de Maria Eugênia e promotora de vendas.
E olha, que essa nem é a profissão mais estressante. Segundo a pesquisa coordenada pela psicóloga Ana Maria Rossi, especialista em estresse, está pior quem trabalha com segurança pública ou privada.
“Essas pessoas, elas normalmente elas convivem com os marginais nas vilas, nos locais e podem ser identificadas. então, muitas vezes, mesmo quando não estão trabalhando, essas pessoas podem se sentir ameaçadas por serem da polícia ou trabalharem em segurança. Então, essa em primeiro lugar”, afirma a psicóloga Ana Maria Rossi.
Em segundo lugar estão controladores de voo e motoristas de ônibus. No mês passado, uma briga entre passageiro e motorista terminou em tragédia no Rio de Janeiro.
Em terceiro lugar, estão: bancários, executivos, profissionais de saúde e operadores de telemarketing.
“As metas são extremamente elevadas, elas trabalham sem nenhuma privacidade, muitas vezes em pequenos cubículos, e se elas precisam levantar e ir no banheiro, alguma coisa, muitas vezes elas são cobradas por isso. Então, é um trabalho, assim, de muita cobrança, de muita demanda”, destaca Ana Maria Rossi.
“O que pesa mais: é a pressão, a tensão, inerente a cada uma dessas profissões ou é o tempo de jornada, o salário pequeno?”, pergunta Isabela Assumpção.
“O que pesa mais atualmente é a falta de reconhecimento. Quando a pessoa faz tudo que ela gosta de fazer e tudo que ela sabe fazer e ela nunca tem aquele tapinha nas costas, ou aquela frase dizendo: ‘tu és valioso, tu és valiosa na nossa equipe, queremos muito que tu permaneças conosco’. Isso vai fazendo com que a pessoa se encolha, se encolha, se encolha e eventualmente ela perde a satisfação e também a sua motivação”, diz a psicóloga.
Se ter um emprego estressante é difícil, imagine ficar sem emprego. Foi o que aconteceu com um senhor, que prefere não se identificar. “Desempregado, o homem. é conforme diz o samba da Dona Ivone Lara. ‘nego sem dinheiro, fica sem sossego’”.
Sem sossego. E sem desejo sexual. Ele chegou a desabafar com um amigo. “’Aí, tá brabo. tive que dispensar uma menina, porque estou caidão. Como é que eu vou ficar com você?’. Eu peguei: ‘então somos dois, cara. Porque aconteceu a mesma coisa comigo’”.
“Cada vez mais nós percebemos que homens, jovens, inclusive, passam por situação de estresse que repercute na área sexual e de forma muito acentuada”, afirma Carmita Abdo, coordenadora do ProSex da FMUSP, que completa: “Nas mulheres, especialmente o desejo é atingido logo de cara. As mulheres, precocemente perdem o desejo sexual quando começam a ter uma jornada dupla ou tripla de trabalho. Ela acha muito mais interessante dormir, quando ela tem um tempinho, do que fazer sexo”.
“O senhor conseguiu superar?”, pergunta a repórter.
“Consegui. graças a deus. e, hoje eu conto a história: ‘Tive estresse e passei por essa porcaria e estou aí’”, responde o senhor.
Respirar fundo e seguir em frente. Parece simples. Mas. Quem será mais estressado: o homem ou a mulher?
“Potencialmente a mulher é mais estressada que o homem, mas quando nós olhamos a realidade, nós notamos que a mulher lida melhor com o estresse que o homem. Então, a mulher nos primeiros sinais de sintomas, ela já está querendo um diagnóstico. Em segundo lugar, a mulher, ela tende a colocar as coisas pra fora. Ela verbaliza. O homem, ao contrario, claro que estamos generalizando, tende a engarrafar suas emoções. Em terceiro lugar, a mulher tende a ter mais fé e a demonstrar mais essa fé. Quarto lugar, a mulher é mais aberta a técnicas de relaxamento”, afirma a psicóloga Ana Maria Rossi, que acrescenta: “É bem importante que a pessoa possa reconhecer esses seus limites, porque é isso que vai ser o ladrão da sua saúde e da sua qualidade de vida”.

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